Crise no Plano Safra: Entre a Falta de Gestão e o Jogo de Culpas


A suspensão das linhas de financiamento do Plano Safra 2024/2025 escancarou uma crise que se arrastava nos bastidores da economia nacional. Agricultores, especialmente pequenos e médios produtores, foram pegos de surpresa com o bloqueio dos recursos fundamentais para a produção agrícola. Enquanto isso, governo e Congresso travam um jogo de empurra para definir de quem é a responsabilidade pelo corte.

O que aconteceu?

Tesouro Nacional anunciou a suspensão dos financiamentos do Plano Safra alegando a necessidade de reavaliação orçamentária. Segundo o governo, o aumento da taxa Selic encareceu os subsídios agrícolas, tornando o programa mais caro do que o planejado. Além disso, a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 ainda não foi aprovada, o que impede a continuidade do crédito rural nos moldes esperados.

No entanto, bancadas do agronegócio e opositores apontam que o verdadeiro problema está na falta de planejamento fiscal do governo, que estaria comprometendo políticas públicas essenciais ao setor produtivo. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) acusou o Executivo de incompetência na gestão dos recursos e de tentar responsabilizar o Congresso pela crise.

Quem sai prejudicado?

O setor agropecuário brasileiro depende diretamente do crédito rural para custear produção, modernização e compra de insumos. Com a suspensão dos financiamentos:

Pequenos e médios produtores enfrentam dificuldades para arcar com custos operacionais;

Cooperativas e empresas do agronegócio podem sofrer um impacto na produtividade, afetando exportações;

Preços dos alimentos podem subir, com menor oferta e maior custo de produção.

Os grandes produtores podem ter alternativas privadas de financiamento, mas os pequenos, que representam a base da agricultura familiar, ficam à mercê da instabilidade política e econômica.

Existe solução?

O governo federal sinalizou que busca respaldo técnico junto ao Tribunal de Contas da União (TCU)para encontrar uma saída legal que permita a retomada do crédito. No entanto, a indefinição orçamentária continua sendo um entrave.

Enquanto isso, o Congresso cobra do governo uma proposta concreta de ajuste fiscal que permita a reabertura das linhas de financiamento sem comprometer as contas públicas.

A verdade é que, no meio desse embate político, o produtor rural, que sustenta boa parte do PIB brasileiro, segue sem respostas. A crise do Plano Safra não é apenas um problema financeiro: é um retrato da falta de articulação entre os poderes para garantir políticas públicas sustentáveis.

Conclusão

O episódio reforça a fragilidade do planejamento econômico do Brasil e levanta uma questão preocupante: até quando o agronegócio, setor responsável por grande parte da balança comercial do país, seguirá refém de disputas políticas e decisões orçamentárias inconsistentes?

A solução para essa crise exige mais do que discursos. É necessário que governo e Congresso busquem um consenso para garantir que o financiamento da produção agrícola não continue sendo uma moeda de troca em disputas políticas.

por: Alisson Carreiro

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